terça-feira, 31 de agosto de 2010

Assistencialismo é uma evidência de nosso fracasso


O assistencialismo, como o que temos no Brasil, é apenas uma evidência de nosso fracasso, assim como mostra a qualidade dos governantes que elegemos.

Entendo que a sociedade ideal é aquela que cria as condições para que cada pessoa, para que cada família possa ganhar a vida decentemente. O assistencialismo é o método que os políticos fazem uso para aliciar seus eleitores. Entre o pão e o circo, é o pão. O circo eles criam conforme a oportunidade da ocasião, seja frente às divergências com os concorrentes, ou quando assumem posições ideológicas. Mas são desmascarados quando vemos as alianças que fazem no submundo da política. Não defendem valores, defendem interesses.

É o mais do menos, é na realidade uma triste combinação entre a ignorância e o conservadorismo. Eles acreditam que são progressistas, mas defendem os modelos de governos que menos progridem. São populistas e se caracterizam, ou como uma atitude hostil frente às empresas privadas ou procuram cooptar seus dirigentes e acionistas. Eles culpam as empresas pelos males de que seus países padecem ou as submetem ao clientelismo político. Não satisfeitos criam ou se apropriam do controle das estatais, também as colocando a serviço de seus interesses.

O resultado é o crescimento da corrupção e da popularidade do governante.

Mas infelizmente a corrupção, a corrupção política, ou a corrupção na política de uma determinada sociedade deteriora as próprias estruturas da sociedade, uma vez que a política é o cuidado com o que é público, dos bens e serviços públicos, que deve estar accessível a todos, já que é o resultado da busca de soluções para os problemas que a sociedade enfrenta, como a violência, ou pode enfrentar, como uma ameaça externa.

A corrupção na política é aproveitar-se, apropriar-se do que é público, que é coletivo, em benefício próprio. Em resumo é roubar. Se os agentes públicos – os políticos – são corruptos, e/ou se associam a agentes privados corruptores, a saúde da sociedade corre sérios riscos. Faltando o respeito pelo que é de todos, prevalece no comportamento de cada um o vale tudo, o “levar vantagem” em tudo, para isso se utiliza artificialismos dos mais variados, justificando privilégios.

E uma sociedade somente aceita a corrupção política, a corrupção na política quando não tem o entendimento do que é público e do que é privado. Uma sociedade que desconhece ou desconsidera que bens e serviços públicos têm como característica essencial a impossibilidade de limitar o seu uso àqueles que pagam por ele ou a impossibilidade de limitar o acesso a eles através de restrições seletivas, com uma única exceção eticamente aceitável: o privilégio ou benefício dado aos portadores de deficiência física ou mental, incluindo as advindas com a idade ou aquelas resultantes de sequelas de acidentes ou fruto da violência.

Gerhard Erich Boehme boehme@globo.com