“Pior que tá não fica!” (Francisco Everardo Oliveira Silva – Um  dos grandes pensadores que caracterizam o Brasil da  atualidade)
  
  
 
O que passou se deu no  final da década de 50 do século passado, a Argentina estava saindo de um período  de exceção, Perón fora forçado a deixar o país. Ele governara desastrosamente e  destruíra por completo as bases econômicas da Argentina. Seu sucessor, Eduardo  Leonardi, não foi muito melhor. A nação estava pronta para novas idéias e foi  neste momento que um dos mais notáveis professores de economia foi convidado  para uma série de palestras. Mas os argentinos não fizeram a lição de casa e a  história está lhes sendo madrasta.
  
 
Lembrando o grande pensador  brasileiro da atualidade, compatível com a popularidade depositada ao atual  presidente, o Sr. Francisco Everardo Oliveira Silva, hoje candidato a Deputado  Federal com o número 2222 pelo Partido da República, por São  Paulo, a Argentina  conseguiu desmenti-lo, e isso antes mesmo dele se lançar candidato e escolher sua frase de efeito.  Vale lembrar que o  pensador “Francisco Everardo Oliveira Silva” é emblemático, como bem nos lembra  o genial Luciano Pires, pois ele caracteriza muito bem os personagens de um de  seus bestseller: Brasileiros pocotó. Resta saber se o brasileiro está disposto a  pensar e fazer as lições necessárias. Acredito que não, Tiririca e Dilma se  elegerão, ele representa os artifícios de um partido que se caracteriza pela  irresponsabilidade, apostam no voto de protesto, mas que irá carregar votos  para outros candidatos do Partido da República, pois as regras eleitorias são desconhecidas  dos brasieliros,  quanto a ela ....
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 Quanto ao Partido da República, vale lembrar que eles defendem o sufrágio  livre e secreto, devendo a lei propiciar a todos os candidatos a possibilidade de comunicação de suas idéias, observada as disposições partidárias, como o que concordo. e também concordo que a lei deve punir severamente o abuso do poder econômico nas campanhas eleitorais, e a fraude nas apurações. Porém outros candidatos do PR serão eleitos sem que tenham sido votados e defendido e comunicado suas ideias, o que ocorre devido as regras eleitorais que levam ao congresso representantes que de fato não representam os brasileiros, sem contar que não possuímos coeficiente eleitoral que assegure que todos sejam iguais na hora de votar, como é o caso dos paulistas, os quais são cidadãos de segunda categoria na hora de votar.
Comparando com seu vizinho  Chile, a Argentina tem conseguido a proeza de levar miséria todo o seu povo,  enquanto o Chile segue outra rota. Mas não podemos esquecer o efeito Orloff: Em  matéria de política, há quem diga que a Argentina está sempre um passo à frente  do Brasil. Muitos se utilizam até do slogan de uma marca de vodka para brincar  com o fenômeno: “Eu sou você amanhã…”
  
 
Alan Beattie, em seu livro  “Falsa economia - Uma surpreendente  história econômica do mundo”, ele que é um dos mais conceituados jornalistas  econômicos da atualidade, afirma que o mundo tem reproduzido uma falácia de  pensamento – uma falsa economia – ao considerar que o estágio de desenvolvimento  de um país é inevitável, a ponto de ele estar predestinado a ser pobre ou rico.  
 
Para o autor, “a história  não é determinada pelo destino, pela religião, pela geologia, pela hidrologia ou  pela cultura nacional. É determinada pelas pessoas”. Para comprovar sua tese,  apresenta nove variáveis relevantes para o desenvolvimento de uma nação,  demonstrando-as em casos emblemáticos, como os de Argentina e Estados Unidos. No  século XIX os dois países estavam entre as dez maiores economias do mundo, mas  diferentes decisões fizeram com que trilhassem caminhos opostos. Uma tese ousada  e que vai fazer você mudar a forma de ver a história econômica do  mundo.
  
 
A Argentina nunca foi o  melhor dos mundos, ainda mais para nós brasileiros, mas infelizmente não  aprendemos com ela, continuamos a repetir os seus erros, mesmo nós tendo um  Edson Arantes do Nascimento que foi preciso na sua frase, só não conseguimos a  façanha de eleger a mulher do presidente, bem aí seria demais, já chega as  medalhas da Ordem de Rio Branco que a Sra. Marisa Letícia, e as mulheres do vice  José Alencar, Mariza Gomes da Silva; e do chanceler Celso Amorim, Ana Amorim  receberam. Mas estamos a um passo para escolher a mulher ideal, na opinião dele.  A nossa Orloff é falsificada, pode ser paraguaia ou  húngara.
  
 
A Argentina não conheceu a  estabilidade econômica e o desenvolvimento que a monarquia nos proporcionou,  tivemos 67 anos de estabilidade política e econômica, uma única Constituição,  uma das mais avançadas de sua época, e caminhávamos passo a passo com as  economias mais fortes e desenvolvidas do mundo, tínhamos na época Rebouças,  Taunay e Nabuco como elementos de um triângulo que compunha as possibilidades da  estruturação do Estado Brasileiro, da "construção do Brasil" e da consolidação  do III Império.  Mas seguimos os passos da Argentina. 
  
 
Em 120 anos de Republica,  quais foram as nossas vitórias? Vamos aos seguintes pontos, na estabilidade  política, até 1988 não tínhamos conseguido isso, tivemos em 110 anos, 9 golpes  de estado, 13 ordenamentos constitucionais, 4 assembléias constituintes, 10  repúblicas, o Congresso, em nome da Liberdade, foi fechado 6 vezes, inclusive  pelo primeiro Presidente, Marechal Deodoro da Fonseca. Se observássemos a lei,  teríamos também, face ao Mensalão e tantos outros escândalos, mais um  Impeachment. Optamos por nos subjugar internamente ao dono do Brasil, o Sr. José  Ribamar Ferreira de Araújo Costa e externamente aos ditames do Foro San Pablo,  com a polêmica participação das FARC - Fuerzas Armadas Revolucionarias de  Colombia – Ejército del Pueblo. 
  
 
Caminhamos para o quarto,  já tivemos três grandes períodos de exceção, o pior deles se deu após a  quartelada que muitos chamam de “Proclamação da República”, depois durante o  Estado Novo, no qual tivemos os paulistas lutando pela liberdade com a Revolução  Constitucionalista de 32, e por fim o Regime Militar, que nos livrou de um  conflito entre uma direita aparelhada, comandada por Adhemar de Barros e Carlos  Lacerda, ambos também cassados, e uma esquerda financiada e treinada  internacionalmente, ambas querendo nos subjugar. Hoje vemos o Brasil sendo  administrado com base no espelho retrovisor, ou melhor, lembrando um genial  brasileiro, com a Lanterna na Popa. Prevalece o clientelismo político e a  sindicalização do Estado, com seu capitalismo de comparsas, intervencionista e  sem mercado, e o socialismo de privilegiados, promovendo a escravização do  cidadão, seja através de uma abusiva tributação ou de um endividamento  crescente.
  
 Voltando à Argentina, na  passagem do século XIX para o século XX, ela era o país economicamente mais  estável da América Latina. Depois da longa ditadura do caudilho Juan Manuel  Rosas (1829-52), a República Argentina organizara-se como um Estado Liberal, mas  não soube colocá-lo em prática, não souberam privilegiar o princípio da  subsidiariedade, como fizeram os norte-americanos. O poder era exercido com base  em um grande pacto nacional, predominavam os ricos senhores de estâncias,  membros dos setores comerciais e financeiros, estreitamente ligados ao mercado  internacional controlado pela Inglaterra. O volume de exportações crescia de ano  para ano. Sem a liberdade aos empreendedores e sem uma visão estratégica, sobrou  a “vocação agrária” da Argentina, aumentavam as exportações de carne, couro,  cereais e frutas secas e, na mesma medida, as importações de maquinofaturados  ingleses. A economia Argentina dependia fundamentalmente da exportação de  commodities, que são concentradoras de riqueza e renda, tal qual ocorre com o  Brasil da atualidade, com políticas públicas equivocadas, exportamos emprego e  commodities e importamos produtos com valor agregado. Mesmo assim, nessas  condições, o país conheceu um surto modernizador com a expansão da rede  ferroviária e das comunicações, logicamente, para atender aos setores ligados ao  mercado externo.
  
 
Foi neste momento que os  argentinos subiram no pedestal, de onde não saíram, não é à toa que um de seus  líderes é um cheirador tatuado com Che Guevara ou El Che. Ela já foi orgulhosa  de ser o país mais europeu de toda a América, na Argentina se reproduzia nos  mínimos detalhes os padrões culturais do Velho Mundo.
  
 
Nessa época teve início o  desenvolvimento da indústria Argentina, especialmente no setor de alimentos  (frigoríficos, por exemplo), o que não contrariava os interesses do setor  explorador quanto à condução da política tarifária, pois também estava ligada ao  comércio internacional. A indústria de bens de consumo duráveis viria a se  desenvolver na década de 1910, com a participação de capitais norte-americanos e  do capital marginal interno, mesmo com as reservas dos setores tradicionais  ligados à exportação e importação. A Primeira Guerra Mundial, a exemplo de  outros países da América Latina, como o Brasil do tempo de Francesco Matarazzo e  suas IRFM, permitiria um grande surto industrial na Argentina. Com isso  cresceria o operariado urbano.
 
Politicamente, o Estado  argentino era liberal na forma e oligárquico no seu funcionamento, sujeito  inclusive às dissidências dentro do bloco de poder e, consequentemente, a  sucessivas crises.
  
 Mas em vez de consolidar, a  exemplo dos Estados Unidos,  Canadá e  Austrália, a política liberal, os argentinos optaram pelo radicalismo: uma  experiência populista. O Brasil seguiu a Argentina em  1930.
  
 
Vale lembrar que o  populismo é uma forma de governar em que o governante utiliza de vários recursos  para obter apoio popular, principalmente a mentira. O populista utiliza uma  linguagem simples e popular, usa e abusa da propaganda pessoal, afirma não ser  igual aos outros políticos, toma medidas autoritárias, não respeita os partidos  políticos e instituições democráticas, diz que é capaz de resolver todos os  problemas e possui um comportamento bem carismático. É muito comum encontrarmos  governos populistas em países com grandes diferenças sociais e presença de  pobreza e miséria. Mazelas que dizem ter eliminado.
  
 
Getúlio Vargas,  ex-presidente do Brasil, adotou o populismo como uma das características de seu  governo. Apelidado de "pai do pobres", promoveu seu governo com manifestações e  discursos populares, principalmente no Dia do Trabalho (1º de maio). Não  respeitou a liberdade de expressão e a democracia no país. Usou a propaganda  para divulgar suas ações de governo. 
 
Felizmente a nossa  realidade atual é bem diferente disso, hoje temos as reformas que o Brasil  necessitava realizadas e o parlamentarismo efetivamente implementado. Ou  não?
  
 
Infelizmente não, temos o  populismo calcado em um sistema mais sofisticado de hegemonia em que o dominado  não se sente dominado. Usa-se com volúpia instrumentos de publicidade e boas  articulações com os meios de comunicações.
  
 
Voltando à Argentina, em  1916 é eleito Hipólito Irigoyen. Com Irigoyen tem início a adoção de algumas  práticas de manipulação de massas, que, décadas mais tarde, tomará o nome de  populismo. O líder radical, agora no poder, ao mesmo tempo que não avançava no  sentido de transformações mais profundas na ordem econômica  e social da  Argentina, procuravam em vez de investir em educação e assumir  responsabilidades, como a de cortar gastos públicos, passaram a conceder  privilégios a sua base social de apoio. Adotam, por exemplo, a instituição do  salário mínimo e outras pequenas vantagens que favoreciam o operariado.  Contraditoriamente, ao mesmo tempo que mantinha intacta a grande propriedade e  os interesses da minoria abastada, longe de terem políticas públicas que viessem  a dar liberdade e responsabilidades à classe média em formação. Deixando a  Presidência seis anos depois, garantindo a eleição de um partidário, Irigoyen  elege-se novamente em 1928. A crise de 1929 viria arruinar a economia Argentina,  impossibilitando a satisfação dos interesses, mínimos que fossem, das massas  urbanas.
 
Depois de Hipólito Irigoyen  em 6 de setembro de 1930, pela sua posição nitidamente anti-norte-americana,  vista a estreita relação entre Argentina e Inglaterra, Irigoyen é derrubado pela  aliança burguesia industrial e Exército, apoiada pelos Estados Unidos. Terminava  então a primeira tentativa democrática de toda a América Latina. Por outro lado,  iniciava-se o processo de sucessivas intervenções militares na política  argentina.
  
 
Em 1943 caiu Ramón  Castilho, que em 1940 – com o apoio do Exército – havia afastado Roberto Ortiz,  um presidente legalmente eleito em 1937, deposto pelo Grupo de Oficiales Unidos  (GOU). Desse grupo fazia parte o coronel Juan Domingo Perón, que no governo  militar que se instalou ocupava o cargo de Secretário do Trabalho e Presidência,  além de acumular a Vice-Presidência e o Ministério da  Guerra.
  
 
Perón comandou a política  Argentina de 4 de junho de 1946 a  21 de  setembro de 1955, com seus dois primeiros mandatos, depois esteve à frente de 12  de outubro de 1973 a 1 de julho de 1974, sendo sucedido por Isabelita  Perón.
  
 
Em 1940 entra em cena a  “República Sindicalista”, no Brasil ela veio sessenta anos depois, e a Argentina  mergulha cada dia mais e mais no caos. Como Secretário do Trabalho, Perón  tornou-se a verdadeira eminência parda do regime. Voltando-se para o operariado  urbano, criou a Confederação Geral do Trabalho (CGT), abertamente controlada  pela sua Secretaria. As lideranças sindicais foram atraídas, inclusive pela  corrupção, além da grande massa de trabalhadores não sindicalizados. Sob a  tutela do Estado a classe operária se organizava longe da influência liberal ou  mesmo de socialistas e comunistas, ou de lideranças estranhas à CGT, duramente  reprimidas diante de qualquer reação à política de Perón.
  
 
Em vez de se concentrar em  como gerar emprego, riqueza e renda, o tema passou a ser a distribuição, criando  novos sindicatos, oferecendo melhores condições de trabalho e salários mais  altos – estes eram possíveis pelo aumento das exportações argentinas –, como  parte de uma avançada legislação trabalhista e previdenciária, na qual se  incluía a arbitragem estatal favorável ao operariado, Perón tornou-se a figura  mais importante da República Argentina. Serviu de modelo para o segundo mandato  de Vargas, sem Evita ou Isabelita.
  
 
Em outubro de 1945, temendo  o crescimento da popularidade do então presidente, um golpe militar apoiado  pelas elites tradicionais e pelos Estados Unidos derruba Perón. A ação dos  militares peronistas, a revolta das massas operárias, dos descamisados,  organizada pela CGT e por Evita, ocupando as ruas e decretando a greve geral,  levou Perón de volta ao poder. Em 17 de outubro de 1945, ao recuperar suas  antigas funções, Juan Domingos Perón passar a ser o homem mais forte de toda a  Argentina.
  
 
Nas eleições de 1946, Perón  surge como candidato apoiado pelas massas trabalhadoras urbanas e rurais, pela  Igreja e por amplos setores do bloco militar. Neste pleito, registrou-se a  primeira vitória esmagadora do peronismo: todos os senadores da República eram  peronistas; da mesma forma quase todos os deputados federais e os governadores  de províncias. As massas elegeram aquele que acreditavam ser o seu único  benfeitor.
  
 
De 1946 a 1951, o peronismo  foi o elemento marcante na política argentina. Neste período Vargas nos governou  de novembro de 1930 até outubro de 1945 e de janeiro de 1951 até 24 de  agosto de 1954, quando se suicidou. Não deixou nem Evita e muito menos  Isabelita.
  
 
O Estado passa a intervir  diretamente na economia, monopolizando o comércio externo e desenvolvendo uma  política de nacionalização: ferrovias, comunicações, gás e transportes urbanos.  Em vez de estimular a concorrência, privilegiando o consumidor, optou por criar  estatais e acomodar parceiros e apoiadores políticos, soube leiloar o Estado. As  reservas monetárias são empregadas na indústria de base e no aparelhamento da  indústria leve. No primeiro momento a Argentina vive uma época de prosperidade  geral: isso permite a manutenção dos preços baixos, com a ajuda governamental e,  ao mesmo tempo, dos altos salários. Segundo Perón, “esta é a justiça social”,  daí o justicialismo, outra denominação dada ao peronismo. O culto à  personalidade, parte da propaganda de massa, o paternalismo e o autoritarismo  tornam-se as grandes características do populismo peronista. O autoritarismo é o  outro lado da moeda: o Estado generoso faz as concessões e as massas  subordinadas e submissas devem esperar por elas. 
  
 
Em 1951, Perón é reeleito  presidente com outra estrondosa vitória. Contudo os efeitos da  irresponsabilidade se fazem presentes, os tempos são outros, pois as exportações  começam a diminuir em virtude da concorrência internacional,  para a qual não se prepararam e internamente,  não se acumulou o capital necessário para a arrancada da industrialização, ao  mesmo tempo que aumentou a presença do capital norte-americano, esmagando  qualquer possibilidade de crescimento interno. Podemos dizer então, o que  entendo como redundante, o populismo irresponsável. 
A economia sem controle  começou a conhecer a inflação galopante, os salários foram congelados e a onda  de desemprego começou a afetar o operariado. A morte de Evita Perón (1952) – a  eterna Secretária do Trabalho e a verdadeira “alma” do peronismo –, o  agravamento da crise econômica e social, impedindo continuidade da política de  equilíbrio das forças sociais, típica do populismo, enfraqueceram o peronismo. A  Igreja rompe com o governo, as Forças Armadas se dividem e surge a primeira  oposição organizada a Perón. A partir de 1953, inúmeros golpes debilitam a  máquina de Estado controlada pelo presidente. Em setembro de 1955, um novo golpe  militar, a partir de Córdoba, derruba Juan Domingos Perón, que passa a viver no  exílio.
  
 
Entre 1930 e 1955 a  Argentina conheceu mais de dez tentativas de golpes militares. Contudo, outras  cinco intervenções militares na política argentina resultaram na derrubada de  governantes, inclusive, a de Perón, em 1955.
  
 
O fantasma da esquerdização  do movimento operário argentino e a ameaça de revigoramento do peronismo, além  da impossibilidade de superação dos graves problemas que abalaram a economia nas  últimas décadas, trouxeram os militares para a cena política, em caráter  permanente. De 1962, quando foi deposto Arturo Frondizi, por permitir a  participação de peronistas nas eleições do ano, até 1983, quando a Argentina se  redemocratizou com a vitória de Raul Afonsín, o país conheceu nove golpes  militares. No Brasil tivemos a Contra-revolução de 1964 e dentro dela, em 1969 a  revolução dentro da Revolução.
  
 Perón colocou literalmente  a Argentina rumo à miséria. Em vez de se concentrarem na educação e criar uma  infra-estrutura adequada à liberdade e competitividade do país, optaram pelo  bem-estar social penalizando o contribuinte, também acertaram em muitas ações,  como o investimento na área da saúde. Mas o grande erro foi afastar os  investimentos internacionais, realizaram a expulsão de multinacionais do país e  as nacionalizações. Em vez de mais mercado, passaram a  tutelá-lo.
  
 
Perón volta do exílio a  Argentina em 1973, com o fim do governo militar. Ele é reeleito presidente com  60% dos votos, tendo como vice a sua terceira mulher  Isabelita. 
 Entre golpes e  instabilidade política, prevaleceu sempre na Argentina o populista, agora o  mesmo é realizado por Cristina Kirchner, infelizmente o populismo, tal qual em  muitos países da América Latina, agravou o cenário nacional, se há quatro anos a  pobreza, a desigualdade social e o emprego eram as maiores preocupações dos  argentinos, hoje são a corrupção, a insegurança – a violência crescente - e a  falta de transparência política.
  
 
Na Argentina, tal qual no  Brasil, uma palavra idolatrada pelo povo é "social". Em nome do social, não só  tudo é possível, mas também desejável. Esquece-se totalmente das calculadoras, e  ignoram-se leis tão simples como não gastar mais do que se tem. Adotam-se  jargões para encontrarem culpados. Passa a ser inevitável a articulação conjunta  com o Foro San Pablo, destruindo as instituições e combatendo a imprensa  livre.
  
 
A consequência natural  disso é um aumento explosivo nos gastos públicos, típico do Estado benfeitor,  que acaba inevitavelmente em um severo déficit fiscal, gerando inflação via  emissão de moedas ou recessão via aumento de impostos ou juros.  
 Isso sem falar de todos os  direitos nobres concedidos ao povo, como educação gratuita e obrigatória,  moradia digna, transporte gratuito, trabalho bem remunerado, velhice tranquila  e, por fim, felicidade eterna.  Seguramente houve acertos, mesmo os populistas  não erram 100% do tempo.
  
 
Argentinos e brasileiros  são assim grandes sonhadores, os argentinos com as mulheres, as Evitas,  Isabelitas e as Cristinas, nós com embusteiros, palanqueiros e as festas na  Paulista. O Brasil encontrou seu rumo, mas sem as mulheres. O que nos  caracteriza é que passamos, por conta do populismo, a detestar a dura realidade  da vida, cheia de incertezas e insegurança, não nos preocupamos muito com o fato  de que, para garantir tanto privilégio assim a alguns, precisa tirar de  outros.
  
 
Paradoxalmente, o Estado,  em prol do "social", deixa mais miseráveis do que encontrou, e temos inúmeros  exemplos empíricos disso, sendo um dos principais a Argentina de Perón. Eva, sua  esposa, confundiu Estado com instituição de caridade, e quem pagou o elevado  preço foi a população, que saiu da prosperidade, de um dos países mais prósperos  na época,  para a miséria. Será que o povo romântico não tem a mínima capacidade  intelectual para entender que são justamente todos esses "direitos adquiridos"  pelos monopólios dos sindicatos que jogaram metade dos brasileiros na  informalidade? 
  
 
Será que os mais de 150  milhões de latino-americanos desempregados estão felizes com todos esses  benefícios? Não conseguem perceber que isso é também a causa de um sistema de  previdência falido que até na Europa, principalmente na França, representa uma  bomba-relógio insustentável no médio prazo?
  
 
Mas voltando às lições que  os argentinos não fizeram. Deixaram de entender que as leis da economia são  naturais como a água, que deveriam ser observadas.
  
 Em fins de 1958, Ludwig  Heinrich Edler von Mises  foi convidado  pelo Dr. Alberto Benegas Lynch para pronunciar uma série de conferências na  Argentina, destas conferências surgiu posteriormente um livro contém a  transcrição das palavras dirigidas a centenas de estudantes  argentinos.
  
 
Suas conferências foram  proferidas em inglês, no enorme auditório da Universidade de Buenos Aires.  
 
Em duas salas contíguas,  estudantes ouviam com fones de ouvido suas palavras que eram traduzidas  simultaneamente para o espanhol. Ludwig Heinrich Edler von Mises falou sem  nenhuma restrição sobre capitalismo, socialismo, intervencionismo, comunismo,  fascismo, política econômica e sobre os perigos da ditadura. Aquela gente jovem  que o ouvia não sabia muito acerca de liberdade de mercado ou de liberdade  individual.
  
 O auditório reagiu como se  uma janela tivesse sido aberta e o ar fresco tivesse podido circular pelas  salas. Ele falou sem se valer de quaisquer apontamentos. Como sempre, seus  pensamentos foram guiados por umas poucas palavras escritas num pedaço de papel.  Sabia exatamente o que queria dizer e, empregando termos relativamente simples,  conseguiu comunicar suas idéias a uma audiência pouco familiarizada com sua obra  de um modo tal que todos pudessem compreender precisamente o que estava  dizendo.
  
 von Mises fez  posteriormente uma revisão destas transcrições no intuito de publicá-las em  livro. Coube a sua esposa esta tarefa e ela teve muito cuidado em manter intacto  o significado de cada frase, em nada alterando o conteúdo e preservando todas as  expressões que costumava usar, tão familiares a seus leitores. Bem, o livro está  aí, disponível hoje a todos e as lições são:
     | Primeira Lição:   |  O capitalismo | 
  | Segunda Lição:   |  O socialismo | 
  | Terceira lição:   |  O  intervencionismo | 
  | Quarta lição:   |  A inflação | 
  | Quinta lição:   |  Investimento  externo | 
  | Sexta lição:   |  Política e idéias   | 
   
O livro reflete plenamente  a posição fundamental do autor, que lhe valeu - e ainda lhe vale - a admiração e  os insultos dos adversários. Resta saber que posição devemos adotar, a realidade  e a determinação para superar seus desafios ou a ilusão e aguardar dos outros a  solução dos seus problemas, quem sabe vindas dos partidos e outras entidades que  integram o Foro San Pablo.
  
 
O livro está disponível  para download:
http://www.ordemlivre.org/files/mises-seislicoes.pdf
Gerhard Erich Boehme - boehme@globo.com